1 Fuga, V.P. Vendramini Zanella, D.A.Aspectos filosóficos na compreensão de sentidos e significados na Cadeia Criativa Fuga, V.P. Vendramini Zanella, D.A.
2 Objetivo Discussão de concepções filosóficas constantes na Ética (SPINOZA, 1677) para a compreensão sentidos e significados na Cadeia Criativa; Cadeia Criativa (LIBERALI, 2006). “Meu pensamento constitui-se sob o signo das palavras de Espinosa” (VYGOTKY 1934/ Psicologia da Arte);
3 Qual “ o nó da questão” (Moita Lopes, 2006, pQual “ o nó da questão” (Moita Lopes, 2006, p.90) ao desenvolver qualquer projeto de pesquisa no GP LACE? Pensar alternativas para a vida social; Não perder de vista o caráter transformador revolucionário “do estado de coisas existentes ou a transformação da totalidade do que há” (NEWMAN e HOLZMAN, 2002, p. 25); Compreensão dialética como mola propulsora da produção de conhecimento; unidade teoria e prática, ou seja, o entrecruzamento entre o pensar e o agir.
4 Por que estudar conceitos espinosanos e marxistas?Os aspectos dialético e monista ampliam o olhar crítico sobre si e sobre o outro; Colocam em xeque pretensas verdades daquilo que se está investigando; Sustentam o objetivo maior do LACE quando se está fazendo pesquisa, ou seja, criar possibilidades para a transformação da totalidade.
5 Adentrando nas questões filosófico-espinosanas“Meu pensamento constitui-se sob o signo das palavras de Espinosa” (VYGOTKY 1934/ Psicologia da Arte); E quais seriam essas “palavras”? A noção de não-separabilidade: nada, em nenhum momento, pode ser separado de sua relação com o mundo; O olhar monista: a unidade é sempre uma forma de realização da totalidade; unidade e totalidade são indissociáveis; A intervenção sobre a parte repercute no todo.
6 Perspectiva monista Totalidade: a Substância, os atributos e os modos.Ser humano – parte da Totalidade Totalidade: a Substância, os atributos e os modos. Substância (Deus e/ou Natureza): única, constituída por infinitos atributos infinitos, dos quais o ser humano distingue dois: extensão e pensamento; Extensão (modo finito): os corpos Pensamento (modo finito): as ideias Ser Humano – modo finito da Substância
7 Perspectiva monista: ideias adequadas e inadequadasIdeias adequadas (ou verdadeiras): podem ser concebidas somente na Substância; Ideia inadequada (ou parcial): “são como conclusões sem premissas, isto é, ideias confusas”, concebidas no ser humano (SPINOZA, 1677/2003: II, XXVII, demonstração: 164; XXXV, demonstração: 169);
8 Perspectiva monista: noção comumA relação de conveniência ou composição entre os seres permite que essas ideias inadequadas se relacionem e formem uma noção comum (SPINOZA 1677/2003: II, Lema II); " o que é comum a todas as coisas e se acha igualmente na parte e no todo, não pode ser concebido senão adequadamente" (Spinoza, 1677/2003: ll XXXvlll: 171) As noções comuns são aquelas que possibilitam visualizar aspectos do todo. Conatus: potência de agir advinda das relações de composição entre os corpos; Encontros felizes aumentam e fortalecem o conatus nas relações de composição; Composições e decomposições possibilitam que haja modificações ou afecções do ser, permitindo que ideias sejam revisitadas, ressignificadas (FUGA, 2009).
9 Perspectiva monista Afecções positivas desenvolvem Ideias adequadas que levam os Modos a se aproximarem da Substância
10 Merçon (2009) – Spinoza e Educaçãoaprendizado afetivo – o papel da imaginação, da paixão alegre e do desejo em um devir ético; A imagem como ponte para a ação; “Um aprendizado afetivo que corresponda a um devir ativo constitui-se, de acordo com a perspectiva apresentada, como um esforço para não sermos apenas dominadas por ilusões, que, em muitos casos, são opressivas ou diminuem nossa potência de agir. Um aprendizado afetivo que se teça como um devir ético envolve, portanto, o engajamento crítico com as produções imaginativas ou míticas que, ao consolidarem preconceitos e hábitos sociais inibidores do pensar, afastam-nos de nossas potências “ (p. 69). Possui doutorado em Filosofia pela Universidade de Queensland e doutorado em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro;
11 Merçon (2009) – Spinoza e EducaçãoO aprendizado afetivo como uma arte do encontro; O aprendizado de nossas forças como um processo de ativação do desejo; Desejo ou Cupiditas O esforço da mente para perseverar em seu ser, isto é, seu conatus, à medida que está referido apenas à mente, chama-se vontade; mas à medida que está referido simultaneamente à mente e ao corpo chama-se apetite. “entre apetite e desejo não há nenhuma diferença, excetuando-se que, comumente, refere-se o desejo aos homens à medida que estão conscientes de seu apetite. Pode-se fornecer, assim, a seguinte definição: o desejo é o apetite juntamente com a consciência que dele se tem” (p. 82).
12 Primeiras interlocuções: sentido e significado em Vygotsky e BakthinIdeias verdadeiras ou adequadas Substância Znachenie (significado/significação): uma das zonas do sentido, a mais estável e precisa (VYGOTSKY, 1934/2000).
13 Primeiras interlocuções: sentido e significado em Vygotsky e BakthinIdeias parciais ou inadequadas Homem Smysl (sentido/tema): significado pessoal e contextualizado, modifica-se tanto a partir das situações como dos sujeitos que o atribuem (VYGOTSKY, 1934/2000).
14 Perspectivas psicológica e linguística - não dualistasPalavra Enunciado Unidade de análise que possibilita a relação pensamento e linguagem Mantem a propriedade da totalidade. Não ao ponto de vista racionalista e empirista. Contra o objetivismo abstrato e o subjetivismo idealista .
15 Znachenie e Smysl - diferençasVygostky Bakhtin e o Círculo Significado e tema Foco nas prática social através da interação e enunciados concretos. Significado e sentido Foco no pensamento verbal, discurso interno e no status do significado no funcionamento interno do indivíduo. (LIBERALI, 2009)
16 Znachenie e Smysl - semelhançasOrigens dos conceitos imbuídas das experiências de indivíduos pelas prática social de discurso e linguagem; Admitem níveis de znachenie e que são incorporadas por smysl; Apontam unidades monadárias*, concretas fundadas na realidade. * Conceito-chave na filosofia de Leibniz - substância simples, algo "único", "simples". indissolúvel e indestrutível. ROJO (2005, apud LIBERALI, 2009)
17 Cadeia Criativa (LIBERALI,2006; 2009)Cadeia Criativa: processo implica em sujeitos, atuando como parceiros, produzindo significados compartilhados (VYGOTSKY, 1934) em uma atividade, a partir dos seus sentidos; o embate entre esses tantos sentidos na busca e produção de novos significados compartilhados, permite criar um objeto representativo dos desejos, anseios, valores, experiências dos sujeitos que se tornam parceiros.
18 Primeiras interlocuções: Cadeia CriativaEm uma atividade específica, os participantes envolvidos trazem suas ideias parciais sobre algo e, no embate com outras, tendem a produzir uma noção comum. Essa “nova” ideia, construída em seu construir e, qualquer que seja, leva à formação de outra ideia; As pessoas (modos) afetam-se mutuamente para desenvolver ideias adequadas e alcançar a Substância
19 Primeiras interlocuções: Cadeia CriativaEsse movimento inacabado possibilita que os participantes da interação produzam ideias que se aproximem dos aspectos da totalidade (FUGA, 2009). Os interactantes “imprimem, por assim dizer, certos vestígios” (Spinoza, II, Postulado V: 151) nos seres afetados; “mantém- se os traços dos sentidos compartilhados em uma dada atividade” (LIBERALI, 2006).
20 Primeiras interlocuções: colaboração“Se dois indivíduos se aliam um ao outro, formam um indivíduo duas vezes mais poderoso do que cada um deles tomado separadamente” (SPINOZA 1677/2003, IV, XVIII, escólio: 303); Fortalecimento do conatus individual de cada participante no GP LACE, fortalecendo o outro (FUGA , 2009); Na atividade de formação docente: pressupõe entender que cada um dos sujeitos, ao buscar processos de colaboração para o alcance de seus desejos compartilhados, aumenta sua potência de agir do/no todo (SPINOZA, 1677/2003).
21 Formação docente: colaboração e criatividadeProcesso criativo ao compartilhamento de emoções, produção de sentidos e maneiras de como a experiência pode proporcionar comprometimento, vontade e personalidade criativa (MORAN & JONH STEINER, 2003).
22 Representação do ciclo de produção criativa e desenvolvimento (MORAN & JOHN –STEINER, 2003, p. 62)
23 Formação docente: colaboração/ PCcol e criatividadeNo fazer criativo dos professores, a interação entre professoras e pesquisadoras permite a troca de sentidos advindos daquilo que vivenciam como experiências e emoções e dos artefatos culturais que também foram apropriados. Essas experiências e emoções promovem a constituição do repertório desse sujeito histórico, que, por sua vez, permitem que os sentidos aflorem e tencionem a discussão. Com o passar do tempo e de forma dialética essa professora tem condições de se redimensionar socialmente e transformar os sentidos e significados compartilhados. PCCol estar ciente das implicações de um contexto complexo, em que os sujeitos interagem e utilizam suas experiências e emoções para colocarem seus pontos de vista, o que promove o tensionamento de seus sentidos na discussão (Moran & John-Steiner, 2003).
24 A Cadeia Criativa traz o movimento dialético ...Anuncia o que está nascendo: “produção de significados compartilhados (...)” e, simultaneamente, o que está desaparecendo; o que desaparece não o faz sem deixar vestígios, pois passa a viver na substância do outro que surge, deixando sua herança “(...) que, posteriormente, farão parte dos sentidos que alguns dos envolvidos compartilharão com outros sujeitos”. O que nasce não é completamente novo, pois mantém uma ligação com o que deixou de existir: “(...) sentidos foram produzidos em contextos diferentes”. Mas, o novo nunca pode ser previsto e compreendido inteiramente antes de aparecer; e mesmo depois não é possível saber o que vai deixar como ‘herança’, ao tornar-se velho e desaparecer: “(...) novos significados são criativamente produzidos, mantendo traços dos significados compartilhados na primeira atividade”.
25 Obrigada! Thanks!
26 referências BAKHTIN, M. M. (VOLOCHINOV, V. N.). Marxismo e filosofia da linguagem. Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 14 ed. São Paulo: Hucitec, 2010 [1929]. Espinosa. B... Ética demonstrada em ordem geométrica e dividida em cinco partes que tratam. Trad. Jean Meaville. São Paulo: Matin C.1677/ 2003 FUGA, V. O Movimento do Significado de Grupo de Apoio na Cadeia Criativa de Atividades no Programa Ação Cidadã. Tese de Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2009. LIBERALI, F. C. . Cadeia Criativa: uma possibilidade para a formação crítica na perspectiva da Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural. In: MAGALHÃES, M. C. C & FIDALGO, S. S. (Orgs.). Questões de método e de linguagem na formação docente. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2011, p ____. A cadeia criativa no processo de tornar-se totalidade. Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso, v. 02, p.01-25, 2009.
27 LIBERALI, F. C. Creating chain in the process of becoming a wholeLIBERALI, F. C. Creating chain in the process of becoming a whole. In 7th International Vygotsky Memorial Conference. Moscow.2006. LIBERALI, F.C. e FUGA, V.P.. Argumentação e formação/gestão de educadores no quadro da Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural. Revista Desenredo, Programa de Pós-Graduação da Universidade de Passo Fundo, v.8, n.2. jul./dez , p MOITA LOPES, L.P. Linguística Aplicada e vida contemporânea: problematização dos construtos que têm orientado a pesquisa. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). Por uma Lin guística Aplicada indisciplinar. Parábola: São Paulo, 2006, p MORAN, S.; JOHN-STEINER, V. Creativity in the Making: Vygotsky’s Contemporary Contribution to the Dialectic of Development and Creativity. In: SAWYER, R. K. JOHN-STEINER, V.; MORAN, S.; STERNBERG, R. J.; FELDMAN, D. H.; NAKAMURA, J.; CSIKSZENTMIHALYI, M. Creativity and Development. New York: Oxford University Press, 2003, p
28 MEÇON, J. Aprendizado ético-afetivo : uma leitura spinozana da educação. Campinas, SP : Editora Alínea, 2009 NEWMAN, Fred; HOLZMAN, Lois. (1993) Lev Vygotsky: cientista revolucionário. Tradução de Marcos Bagno. São Paulo: Edições Loyola, 2002. VENDRAMINI ZANELLA, Daniela Aparecida. Por uma formação crítico-criativa de alunas-professoras e professora-pesquisadora na graduação em Letras Tese (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2013. VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1934/ 2001. ______. Teoria e método em psicologia. 3.ª edição. São Paulo: Martins Fontes / 2004. ______.Psicologia da Arte. São Paulo: Martins Fontes