1 UFRGS - INSTITUTO DE LETRAS TEORIA E PRÁTICA DA LEITURA TURMA A – 2017Contos de violência: discutindo vivências Rafaella Barros, Sandy Azevedo, Tábata Figueiredo.
2 PÚBLICO ALVO: Alunos do 6º ano. Entre 12 e 16 anos.OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS: Objetivamos disponibilizar a esses alunos um lugar/momento para leitura e discussão de textos, pois entendemos não haver tal espaço no ambiente escolar que eles frequentam. Buscamos, com isso, despertar a vontade de ler nesses alunos. Essa oficina irá servir de apoio ao ensino de literatura e leitura fornecidos na escola. NÚMERO DE ALUNOS: 15 alunos.
3 NÚMERO DE HORAS/AULA: 6 horas/aula divididas em 3 encontros de 2 horas.RECURSOS NECESSÁRIOS: Um espaço cedido pela escola (sala de aula, biblioteca, pátio); xerox dos textos; folhas para serem usadas em aula. UNIDADE TEMÁTICA: Violência (em suas diversas formas)
4 RESULTADOS ESPERADOS: Buscamos despertar interesse pela leitura desses alunos, assim como um olhar mais crítico sobre a comunidade em que estão inseridos. FORMA DE AVALIAÇÃO: A avaliação será continuada e terá fundamento na participação dos alunos em aula e na produção final deles.
5 Primeiro encontro (2h/aula)O primeiro conto a ser trabalhado será “Feliz Ano Novo”, juntamente a música “Eu Sou 157” dos Racionais MC’s. Escolhemos esses textos por terem uma variedade de formas de violência que ficam bem explícitas para o leitor e que chamam a atenção para um posicionamento do mesmo. A partir da música, faremos uma introdução ao tema e ao conto a ser trabalhado; a partir do conto, e da leitura dele na íntegra e em conjunto à turma, traremos tarefas de interpretação e de recursos linguísticos para que os alunos/leitores/autores se apercebam do que é mobilizado na construção de significados e do estilo do gênero conto.
6 Warm Up (Primeiro Encontro)Os alunos serão convidados a ouvirem “Eu sou 157”, do grupo Racionais MC’s, acompanhando a letra da mesma. Os alunos discutirão em duplas sobre violência e as formas desta que se manifestam na letra da música. Em seguida, procurarão definir conceitos ou substantivos que estão associadas à violência se utilizando de outras palavras: Dinâmica com flashcards os alunos receberão flashcards com as palavras agressão, estupro, roubo, xingamentos, tiros e deverão defini-las da forma que acharem melhor.
7 “Feliz Ano Novo” (Primeiro Encontro)Pré-leitura: Sobre o texto, levantar hipóteses entre os alunos com as seguintes perguntas: O que é um conto? Dê exemplos de contos e resuma o assunto abordado por eles. A partir do título do conto, o que você acha que vai acontecer? (se tiver quadro, anotar as ideias e pedir para que os alunos anotem suas sugestões porque vai ser importante depois da leitura).
8 “Feliz ano Novo” (Primeiro Encontro)Leitura: Em um primeiro momento, a leitura será feita em voz alta pela professora. Justificamos a necessidade dessa leitura pela quantidade de diálogos e necessidade de entonação deles. Junto ao conto, elaboramos um pequeno glossário (Anexo1) Em seguida, todos farão uma leitura silenciosa, seguindo a seguinte instrução: 1) No momento de leitura, dê uma olhada na estrutura do texto, ou seja, em seus parágrafos, formas de diálogos, narração.
9 “Feliz Ano Novo” (Primeiro Encontro)Interpretação global do conto: Os alunos terão tempo para discutirem as perguntas em grupos. Em seguida serão convidados a discutir as questões com todo o grupo. O conto fala sobre o que vocês imaginaram no início? Das formas de violência já discutidas, quais aparecem no texto? Aparecem outras diferentes? Se sim, quais? De que maneira os diálogos se diferem de outros textos que vocês já leram? O narrador faz parte do conto?
10 “Feliz Ano Novo” (Primeiro Encontro)Recursos Linguísticos: Quem são as personagens? Elas são descritas? Em que momento(s)? No conto, há referências a vários lugares de uma cidade: a) quais são as referências? b) em que cidade acontece o que foi relatado? c) em que parágrafo do texto fica explícito o lugar de onde o narrador/personagem fala? O texto têm várias proximidades com o jeito de falar, ou seja, com a língua oral. Em que momentos o texto traz, na sua escrita, elementos da língua falada? Por que você acha que está escrito nesse formato? Quanto tempo se passa dentro desse conto? Que palavras ou frases levam você a pensar isso? Como elas aparecem no texto?
11 “Feliz Ano Novo” (Primeiro Encontro)Tarefa de pequena produção (entregaremos as instruções abaixo numa folha separada): O narrador é também personagem do conto, isso o caracteriza como narrador/personagem, e a narrativa se dá em primeira pessoa, ou seja, é feita a partir do ponto de vista do narrador/personagem, como no trecho: “Perceba sempre foi supersticioso. Eu não. [eu] Tenho ginásio, sei ler, escrever e fazer raiz quadrada. [eu] Chuto a macumba que quiser.” A partir dessa descrição, crie uma estória com um pequeno relato feito por um narrador/personagem em primeira pessoa.
12 Segundo encontro (2h/aula)O segundo conto a ser trabalhado será “O vampiro de Curitiba”, juntamente com a pintura “Guernica”, de Picasso. O trabalho com a pintura tem por objetivo introduzir os alunos à discussão da temática, preparando-os para a leitura do texto. O conto foi escolhido por retratar algumas formas de violência contra a mulher, possibilitando, assim, o debate e posicionamento sobre essas questões. A partir da leitura do conto, serão desenvolvidas atividades de interpretação, estudo de recursos linguísticos e produção, visando aprimorar a habilidade leitora dos alunos e sua prática na escrita deste gênero textual.
13 Warm Up (Segundo Encontro)Os alunos receberão pedaços de papel nos quais deverão anotar palavras que pensem com base na figura ao lado. (“Guernica”, de Picasso)
14 → Pedir que os alunos leiam em voz alta e comentem as palavras que anotaram. → Após, propor as seguintes questões para dar seguimento à discussão sobre a pintura de Picasso. Que cenário é representado na pintura? Que tipos de violência podemos perceber? Alguns desses tipos de violência podem ser percebidos também em nosso cotidiano? Como as mulheres são representadas na pintura?
15 “O vampiro de Curitiba” (Segundo Encontro)Pré-leitura: Partindo do título do conto, que narrativas seriam possíveis de se desenvolver? Será que “O Vampiro de Curitiba” é o personagem principal do conto?
16 “O vampiro de Curitiba” (Segundo Encontro)Leitura: → Serão reservados alguns minutos para a leitura silenciosa pelos alunos. → Em seguida, a leitura do conto será feita em voz alta pela professora.
17 “O vampiro de Curitiba” (Segundo Encontro)→ Interpretação global do texto: dividir a turma em duplas ou trios para discutirem e responderem às questões. Após será feita a socialização das respostas no grande grupo. Qual a postura do narrador/personagem ao se referir às mulheres? De que argumentos o narrador se vale para tentar justificar seus pensamentos e atitudes? Como eles afetam a liberdade da mulher? De que formas as mulheres são retratadas pelo narrador/personagem? Você percebe com frequência esse tipo de violência às mulheres em sua escola/bairro/cidade?
18 “O vampiro de Curitiba” (Segundo Encontro)→ Recursos Linguísticos De que forma você definiria a narrativa do conto: seria um relato, um diálogo…? A quem o narrador/ se dirige em suas falas? De que recursos se vale o autor para construir os diálogos do conto? Quais os sinais de pontuação mais utilizados? As personagens do conto são bem definidas? De que forma isso contribui para a construção da narrativa? O autor inicia e finaliza o conto com a mesma frase. Que efeito isso causa ao texto?
19 “O vampiro de Curitiba” (Segundo Encontro)→ Tarefa de pequena produção: os alunos receberão uma folha contendo as instruções abaixo. No conto “O vampiro de Curitiba” as mulheres são representadas, sob formas de violência, a partir dos pensamentos, gestos e comentários do narrador/personagem. Crie uma estória com uma personagem principal feminina, narrando os seus pontos de vista, pensamentos, gestos e comentários a respeito de uma situação.
20 Terceiro encontro (2h/aula)No último encontro da oficina, os alunos serão convidados a produzir um conto pensando nos tipos de violência que estão ao seu redor e nos textos lidos. O objetivo, além de ver suas potencialidades como cidadãos críticos do mundo em que vivem, é também ver a forma com que eles explorarão os recursos linguísticos estudados para mobilizar sua criticidade na escrita.
21 Warm Up (Terceiro Encontro)Os alunos terão alguns poucos minutos para escreverem em pedaços de papéis definições ou expressões que remetam ao gênero conto. Em seguida, eles deverão misturar seus papéis e então escolher um outro papel que não o seu para ler. Será proposta uma breve discussão guiada pela professora sobre as características importantes de um conto, tendo em vista o que já foi explicitado nas tarefas de interpretação dos encontros anteriores.
22 Produção (Terceiro Encontro)Proposta de escrita: A partir do que vimos nos encontros anteriores sobre o gênero conto e sobre as mais diversas violências do seu cotidiano e das cidades em geral, escreva um esboço de uma narrativa em gênero conto pensando: a) em uma estória de violência; b) nos personagens da trama; c) no lugar onde se passa; d) em quem narra a estória. Depois de escrever o esboço, escreva a versão final de seu conto em uma folha separada. Lembre-se que o título é muito importante e deve ser colocado por último.
23 Produção (Terceiro Encontro)Ao término das produções, os alunos deverão expor seus escritos em um mural na sala da turma ou da escola, da forma como melhor for combinada com os alunos. Avaliaremos seus textos finais de acordo com o que foi trabalhado com eles em questão a utilização de recursos linguísticos.
24 Anexos Anexo 1 Glossário Afanar: roubar.Babalaôs: batuqueiros. No sentido real, é um dos vários pais de santo; mas, na estória, está colocado de forma ofensiva e, por isso, significa no geral, não no específico. Babaquara: babaca; idiota. Bozó: (gíria) ânus, cu. Encarquilhado: enrugado. Estarrada: roubada; furtada. Flozô: frescura; enrolação. Gozador: que tira sarro. Intruja: (gíria) receptador de coisas roubadas. Michou: diminuir ou perder o valor; perder a coragem; enfraquecer, minguar. Pitu: cachaça; marca de cachaça.